quinta-feira, 14 de julho de 2011

Santa Regência



Amados alunos, hoje, vamos estudar um pouquinho da temida Regência.

Por que chamamos "Regência"?
Assim como o regente de uma orquestra dá comandos aos músicos, alguns verbos e nomes exigem certas posturas na Língua, especialmente quanto ao uso de determinadas preposições. Isso é regência!

Por que esse assunto é complicado?
Na verdade, nenhum conteúdo de Língua Portuguesa é complicado, se mantivermos a frequência em nossa leitura. O contato com as letras é essencial para que descubramos os diversos caminhos que elas podem tomar. No caso de Regência, especialmente a nominal, não há técnicas ou macetes que colaborem diretamente com a aprendizagem, se não nos dispusermos à leitura e à escrita.

É preciso "decorar"?
Só se for a sua sala! No caso de Regência Verbal, algo que nos ajuda bastante é compreendermos a transitividade dos verbos. Isso vai nos dizer quando e qual preposição ele exige, se for o caso. Já em relação à Regência Nominal, a constante leitura, acompanhada de atenção e zelo com a Língua, fará com que ela surja naturalmente, sem grandes complicações.

Eu preciso estudar Regência para concursos públicos, vestibulares e ENEM?
Com plena certeza! Nos concursos públicos, ela sempre aparece. Nos vestibulares e ENEM, com a tendência para a interpretação de textos tão visível, ela aparece em questões que nos exigem o julgamento da norma culta da língua e da adequação do padrão de linguagem utilizado no texto em questão. De todo modo, o bom uso da Regência é essencial para nos comunicarmos bem em situações formais de comunicação. E as provinhas não fogem dessa realidade!

E no cotidiano, ela é necessária?
Veja só... Tudo depende da situação comunicativa em que você se encontra. Se o ambiente de linguagem é formal, não devo dizer "Eu namoro com Ivete Sangalo". Segundo a norma-padrão, o verbo namorar não exige a preposição COM. Assim, para esse ambiente de linguagem, o adequado é utilizar "Eu namoro Ivete Sangalo". No entanto, em situações não-formais, essa exigência não tem relevância. Poderei dizer tranquilamente a um amigo que estou assistindo o jogo, quando, em ambientes formais, deveria utilizar estou assistindo ao jogo. Segundo a regra, o verbo ASSISTIR só não utilizará a preposição A quando significar auxiliar, prestar assistência. Nos outros casos, a preposição se faz presente.

Sem mais delongas, corram para os livros e mantenham-se prevenidos quanto a esse conteúdo que de complicado não tem nada. logo abaixo, segue um material que utilizo em algumas aulas de Regência e que serve como uma excelente síntese para a sua aprendizagem.

Santa Regência

n  É a relação sintática que se estabelece entre um termo regente ou subordinante (que admite outro) e o termo regido ou subordinado (termo exigido pelo primeiro).
n  Quando o termo regente é um verbo a regência é verbal, quando é um  nome, é nominal.

Regência verbal
            Há verbos que admitem mais de uma regência. Geralmente a diversidade de regência corresponde a uma diversidade de significados do verbo. Por exemplo, o verbo agradar, no sentido de  acariciar, é transitivo direto, enquanto no sentido de satisfazer, contentar é transitivo indireto.
Observe:
            A mãe, comovida,agradava o filho choroso.
O filho choroso – objeto direto
            Suas palavras agradavam ao público.
Ao público – objeto indireto
            A identificação da regência de alguns verbos costuma apresentar dificuldade, seja devido à informalidade da língua falada, na qual muitas  construções se mostram em desacordo com o padrão culto da língua, seja porque muitos verbos têm mais de um significado e, quase sempre, mais de uma regência. Em caso de dúvida, recomenda-se consultar o dicionário.

1 – Chegar / ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em.
Ex: Vou ao Colégio.  /  Cheguei a Campo Grande.
2 – Morar / residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em.
Ex: Vânia mora em Brasília. /  Marília reside em Curitiba.
3 – Namorar – não se usa com preposição.
Ex: Ercília namora  Ivan.
4 – Obedecer / desobedecer – exigem a preposição a.
Ex: Os filhos obedecem aos pais.  /  O filho desobedeceu ao pai.
5 – Simpatizar / antipatizar – exigem a preposição com.
Ex:  Simpatizo com você. / Antipatizo com  você.
(Estes verbos não são pronominais, portanto, são considerados construções erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblíquo: Simpatizo-me com  você /  Antipatizo-me com você).
6 – Preferir – este, exige dois complementos sendo que um usa-se sem preposição e o outro com a preposição a.
Ex: Prefiro dançar a fazer  ginástica.
( Segundo a linguagem formal, é errado usar este verbo reforçado pelas expressões ou palavras: ante, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.
Ex: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.

Verbos que apresentam mais de uma regência

1 – Aspirar
  1. No sentido de cheirar, sorver, usa-se sem preposição. (Aspirou o ar puro da manhã.)
b.   No sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. (Esta era a vida a  que aspirava.)
2 – Assisti
a. No sentido prestar assistência, ajuda, socorrer: usa-se sem preposição. (O técnico assistia os jogadores novatos.)
b. No sentido de ver, presenciar: exige a preposição a: (Assistimos ao jogo).
c. No sentido de caber, pretender: exige a preposição  a: (Assiste ao homem tal direito.)
d. No sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em. (Assistiu em  Salvador por muito tempo.)
3 – Esquecer / lembrar
  1. Quando não forem pronominais: são usados sem preposição: (Esqueci o nome dela.)
  2. Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de: (Lembrei-me do nome de todos.)
4 – Visar
  1. No sentido de mirar: usa-se sem preposição. (Disparou o tiro visando o alvo)
  2. No sentido de dar visto: usa-se sem preposição. (Visaram os documentos.)
  3. No sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a: (Viso a uma situação melhor.
5 – Querer
  1. No sentido de desejar: usa-se sem preposição. (Quero viajar.)
  2. No sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a. (Quero muito aos meus amigos.)
6 – Proceder
  1. No sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição. (Suas queixas não procedem.)
  2. No sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige-se a preposição de. (Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.)
  3. No sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a: (Os detetives procederam a uma investigação criteriosa.)
7 – Pagar / perdoar.
  1. Se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem preposição. (Ela pagou  a conta do restaurante.)
  2. Se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos pela preposição a. (Perdoou a todos.)
8 – Informar
  1. No sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas construções:
            1. objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regidos pela preposição de ou sobre) (Informou todos do  ocorrido.)
            2. objeto indireto de pessoa (regido pela preposição a) e direto de coisa. (Informou a todos o ocorrido.)
9 – Implicar
  1. No sentido de causar, acarretar usa-se sem preposição. (Esta decisão implicará  sérias conseqüências.)
  2. No sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos, um direto e um indireto com a preposição em. (Implicou o negociante no crime.)
  3. No sentido de antipatizar: é regido pela preposição com: (Implica com ela todo o tempo.)
10 – Custar
a. No sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a. (Custou ao aluno entender o problema.)
b. No sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição. (O carro custou –me todas as economias.)
c. No sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição. (imóveis custam caro.)

Regência nominal
Regência de alguns nomes:

Preposição
Nomes que a utilizam
A
acessível, adequado, adequado, alheio, apto, avesso, benéfico, cego, conforme, desatento, desfavorável, desleal, equivalente, fiel, grato, guerra, hostil, idêntico, inacessível, inerente, indiferente, infiel, insensível, nocivo, obediente, odioso, oposto, peculiar, pernicioso, próximo            (de), surdo (de), visível.

De
amante. Amigo, ansioso, ávido, capaz, cobiçoso, comum, contemporâneo, curiosos, devoto, diferente, digno,  duro, dotado, estreito, fértil, fraco, incerto, indigno, inocente, menor, natural, nobre, orgulhosos, pálido, passível, pobre, pródigo (em), temeroso, vazio.

Com
afável, amoroso, compatível, conforme, cruel, cuidadoso,  descontente, furiosos, inconseqüente, ingrato, intolerante,  liberal, misericordioso, orgulhoso...

Contra
desrespeito, manifestação, queixa...
Em
constante, cúmplice, diligente, entendido, erudito, exato, fecundo, fértil, fraco, forte, hábil, impossibilidade (de), incansável, incerto, inconstante, indeciso, lento, morador, perito, prático, sábio, sito, último (de, a), único.

Entre
convênio, união...
Para
apto, bom, diligente, disposição, essencial, idôneo,   incapaz, inútil, odioso, pronto (em), próprio (de), útil.
Para com
afável, amoroso, capaz, cruel, intolerante, orgulhoso.
Por
ansioso, querido (de), responsável, respeito (a, de)
Sobre
dúvida, influência, triunfo...


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