Amados alunos, hoje, vamos estudar um pouquinho da temida Regência.
Por que chamamos "Regência"?
Assim como o regente de uma orquestra dá comandos aos músicos, alguns verbos e nomes exigem certas posturas na Língua, especialmente quanto ao uso de determinadas preposições. Isso é regência!
Por que esse assunto é complicado?
Na verdade, nenhum conteúdo de Língua Portuguesa é complicado, se mantivermos a frequência em nossa leitura. O contato com as letras é essencial para que descubramos os diversos caminhos que elas podem tomar. No caso de Regência, especialmente a nominal, não há técnicas ou macetes que colaborem diretamente com a aprendizagem, se não nos dispusermos à leitura e à escrita.
É preciso "decorar"?
Só se for a sua sala! No caso de Regência Verbal, algo que nos ajuda bastante é compreendermos a transitividade dos verbos. Isso vai nos dizer quando e qual preposição ele exige, se for o caso. Já em relação à Regência Nominal, a constante leitura, acompanhada de atenção e zelo com a Língua, fará com que ela surja naturalmente, sem grandes complicações.
Eu preciso estudar Regência para concursos públicos, vestibulares e ENEM?
Com plena certeza! Nos concursos públicos, ela sempre aparece. Nos vestibulares e ENEM, com a tendência para a interpretação de textos tão visível, ela aparece em questões que nos exigem o julgamento da norma culta da língua e da adequação do padrão de linguagem utilizado no texto em questão. De todo modo, o bom uso da Regência é essencial para nos comunicarmos bem em situações formais de comunicação. E as provinhas não fogem dessa realidade!
E no cotidiano, ela é necessária?
Veja só... Tudo depende da situação comunicativa em que você se encontra. Se o ambiente de linguagem é formal, não devo dizer "Eu namoro com Ivete Sangalo". Segundo a norma-padrão, o verbo namorar não exige a preposição COM. Assim, para esse ambiente de linguagem, o adequado é utilizar "Eu namoro Ivete Sangalo". No entanto, em situações não-formais, essa exigência não tem relevância. Poderei dizer tranquilamente a um amigo que estou assistindo o jogo, quando, em ambientes formais, deveria utilizar estou assistindo ao jogo. Segundo a regra, o verbo ASSISTIR só não utilizará a preposição A quando significar auxiliar, prestar assistência. Nos outros casos, a preposição se faz presente.
Sem mais delongas, corram para os livros e mantenham-se prevenidos quanto a esse conteúdo que de complicado não tem nada. logo abaixo, segue um material que utilizo em algumas aulas de Regência e que serve como uma excelente síntese para a sua aprendizagem.
Santa Regência
n É a relação sintática que se estabelece entre um termo regente ou subordinante (que admite outro) e o termo regido ou subordinado (termo exigido pelo primeiro).
n Quando o termo regente é um verbo a regência é verbal, quando é um nome, é nominal.
Regência verbal
Há verbos que admitem mais de uma regência. Geralmente a diversidade de regência corresponde a uma diversidade de significados do verbo. Por exemplo, o verbo agradar, no sentido de acariciar, é transitivo direto, enquanto no sentido de satisfazer, contentar é transitivo indireto.
Observe:
A mãe, comovida,agradava o filho choroso.
O filho choroso – objeto direto
Suas palavras agradavam ao público.
Ao público – objeto indireto
A identificação da regência de alguns verbos costuma apresentar dificuldade, seja devido à informalidade da língua falada, na qual muitas construções se mostram em desacordo com o padrão culto da língua, seja porque muitos verbos têm mais de um significado e, quase sempre, mais de uma regência. Em caso de dúvida, recomenda-se consultar o dicionário.
1 – Chegar / ir – deve ser introduzido pela preposição a e não pela preposição em.
Ex: Vou ao Colégio. / Cheguei a Campo Grande.
2 – Morar / residir – normalmente vêm introduzidos pela preposição em.
Ex: Vânia mora em Brasília. / Marília reside em Curitiba.
3 – Namorar – não se usa com preposição.
Ex: Ercília namora Ivan.
4 – Obedecer / desobedecer – exigem a preposição a.
Ex: Os filhos obedecem aos pais. / O filho desobedeceu ao pai.
5 – Simpatizar / antipatizar – exigem a preposição com.
Ex: Simpatizo com você. / Antipatizo com você.
(Estes verbos não são pronominais, portanto, são considerados construções erradas quando aparecem acompanhados de pronome oblíquo: Simpatizo-me com você / Antipatizo-me com você).
6 – Preferir – este, exige dois complementos sendo que um usa-se sem preposição e o outro com a preposição a.
Ex: Prefiro dançar a fazer ginástica.
( Segundo a linguagem formal, é errado usar este verbo reforçado pelas expressões ou palavras: ante, mais, muito mais, mil vezes mais, etc.
Ex: Prefiro mil vezes dançar a fazer ginástica.
Verbos que apresentam mais de uma regência
1 – Aspirar
- No sentido de cheirar, sorver, usa-se sem preposição. (Aspirou o ar puro da manhã.)
b. No sentido de almejar, pretender: exige a preposição a. (Esta era a vida a que aspirava.)
2 – Assisti
a. No sentido prestar assistência, ajuda, socorrer: usa-se sem preposição. (O técnico assistia os jogadores novatos.)
b. No sentido de ver, presenciar: exige a preposição a: (Assistimos ao jogo).
c. No sentido de caber, pretender: exige a preposição a: (Assiste ao homem tal direito.)
d. No sentido de morar, residir: é intransitivo e exige a preposição em. (Assistiu em Salvador por muito tempo.)
3 – Esquecer / lembrar
- Quando não forem pronominais: são usados sem preposição: (Esqueci o nome dela.)
- Quando forem pronominais: são regidos pela preposição de: (Lembrei-me do nome de todos.)
4 – Visar –
- No sentido de mirar: usa-se sem preposição. (Disparou o tiro visando o alvo)
- No sentido de dar visto: usa-se sem preposição. (Visaram os documentos.)
- No sentido de ter em vista, objetivar: é regido pela preposição a: (Viso a uma situação melhor.
5 – Querer
- No sentido de desejar: usa-se sem preposição. (Quero viajar.)
- No sentido de estimar, ter afeto: usa-se com a preposição a. (Quero muito aos meus amigos.)
6 – Proceder
- No sentido de ter fundamento: usa-se sem preposição. (Suas queixas não procedem.)
- No sentido de originar-se, vir de algum lugar: exige-se a preposição de. (Muitos males da humanidade procedem da falta de respeito ao próximo.)
- No sentido de dar início, executar: usa-se a preposição a: (Os detetives procederam a uma investigação criteriosa.)
7 – Pagar / perdoar.
- Se tem por complemento palavra que denote coisa: não exigem preposição. (Ela pagou a conta do restaurante.)
- Se tem por complemento palavra que denote pessoa: são regidos pela preposição a. (Perdoou a todos.)
8 – Informar
- No sentido de comunicar, avisar, dar informação: admite duas construções:
1. objeto direto de pessoa e indireto de coisa (regidos pela preposição de ou sobre) (Informou todos do ocorrido.)
2. objeto indireto de pessoa (regido pela preposição a) e direto de coisa. (Informou a todos o ocorrido.)
9 – Implicar
- No sentido de causar, acarretar usa-se sem preposição. (Esta decisão implicará sérias conseqüências.)
- No sentido de envolver, comprometer: usa-se com dois complementos, um direto e um indireto com a preposição em. (Implicou o negociante no crime.)
- No sentido de antipatizar: é regido pela preposição com: (Implica com ela todo o tempo.)
10 – Custar
a. No sentido de ser custoso, ser difícil: é regido pela preposição a. (Custou ao aluno entender o problema.)
b. No sentido de acarretar, exigir, obter por meio de: usa-se sem preposição. (O carro custou –me todas as economias.)
c. No sentido de ter valor de, ter o preço: usa-se sem preposição. (imóveis custam caro.)
Regência nominal
Regência de alguns nomes:
Preposição | Nomes que a utilizam |
A | acessível, adequado, adequado, alheio, apto, avesso, benéfico, cego, conforme, desatento, desfavorável, desleal, equivalente, fiel, grato, guerra, hostil, idêntico, inacessível, inerente, indiferente, infiel, insensível, nocivo, obediente, odioso, oposto, peculiar, pernicioso, próximo (de), surdo (de), visível. |
De | amante. Amigo, ansioso, ávido, capaz, cobiçoso, comum, contemporâneo, curiosos, devoto, diferente, digno, duro, dotado, estreito, fértil, fraco, incerto, indigno, inocente, menor, natural, nobre, orgulhosos, pálido, passível, pobre, pródigo (em), temeroso, vazio. |
Com | afável, amoroso, compatível, conforme, cruel, cuidadoso, descontente, furiosos, inconseqüente, ingrato, intolerante, liberal, misericordioso, orgulhoso... |
Contra | desrespeito, manifestação, queixa... |
Em | constante, cúmplice, diligente, entendido, erudito, exato, fecundo, fértil, fraco, forte, hábil, impossibilidade (de), incansável, incerto, inconstante, indeciso, lento, morador, perito, prático, sábio, sito, último (de, a), único. |
Entre | convênio, união... |
Para | apto, bom, diligente, disposição, essencial, idôneo, incapaz, inútil, odioso, pronto (em), próprio (de), útil. |
Para com | afável, amoroso, capaz, cruel, intolerante, orgulhoso. |
Por | ansioso, querido (de), responsável, respeito (a, de) |
Sobre | dúvida, influência, triunfo... |
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